sexta-feira, 31 de maio de 2013

Poemas de Manuel Bandeira

Arte de amar 

Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma,
A alma é que estraga o amor.
Só em Deus ela pode encontrar satisfação.
Não noutra alma.
Só em Deus - ou fora do mundo.

As almas são incomunicáveis.

Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.
Porque os corpos se entendem, mas as almas não.

Manuel Bandeira


A estrela 

Vi uma estrela tão alta,
Vi uma estrela tão fria!
Vi uma estrela luzindo
Na minha vida vazia.

Era uma estrela tão alta!
Era uma estrela tão fria!
Era uma estrela sozinha
Luzindo no fim do dia.

Por que da sua distância
Para a minha companhia
Não baixava aquela estrela?
Por que tão alta luzia?

E ouvi-a na sombra funda
Responder que assim fazia
Para dar uma esperança
Mais triste ao fim do meu dia.

Manuel Bandeira

Outra trova

Sombra da nuvem no monte,
Sombra do monte no mar.
Água do mar em teus olhos
Tão cansado de chorar!

Manuel Bandeira


Vozes na noite

Cloc cloc cloc...
Saparia no brejo?
Não,são os quatro cãezinhos policiais bebendo água.


Alguns livros de Manuel Bandeira
































































Fotos


















































Biografia

Manuel Carneiro de Souza Bandeira Filho nasceu em 19 de abril de 1886, em Recife-PE, na Rua da Ventura (atual Rua Joaquim Nabuco), filho de Manuel Carneiro de Souza Bandeira e Francelina Ribeiro de Souza Bandeira.

Sua família deixaria o Recife em 1890 para morar no Rio de Janeiro e voltaria dois anos depois para Pernambuco  quando ele viria a estudar no colégio das Irmãs Barros Barreto e depois noVirglino Marques Carneiro Leão, na Rua da Matriz.

Em 1896 a família mada-se novamente para o Rio, onde frequenta o Externato do Ginásio Nacional (hoje Colégio Pedro II). Neste mesmo ano, com 10 anos de idade, o poeta publica o seu primeiro poema, um soneto em alexandrinos que sai na primeira página do Correio da Manhã.

Em 1903 iria para São Paulo estudar na Escola Politécnica e em 1908 iniciaria sua preparação para se tornar um arquiteto, começa a trabalhar nos escritórios da Estrada de Ferro Sorocabana e toma aulas de desenho de ornato no LICEU DE Artes e Ofícios.Porém um ano depois teria que abandonar os estudos, pois adoece dos pulmões.Devido a este fato vai em busca dos climas serranos do Rio de Janeiro:Campanha,Teresópolis,Maranguape,Uruquê,Quixeramobim.

Dez anos mais tarde, em 1913, embarca em junho para a Europa a fim de se tratar no sanatório de Clavadel, onde reaprende o alemão que estudara no ginásio.No ano seguinte volta ao Brasil devido à Guerra, vindo morar novamente no Rio.

Perde a mãe em 1916, a irmã em 1918 e o pai em 1920.Neste meio tempo, em 1917 mais precisamente, publica seu primeiro livro "A cinza das horas"

Em 1921 conhece Mário de Andrade, com quem já  se correspondia, porém não participa da Semana de Arte Moderna, em 1922. Neste mesmo ano Faleceu seu irmão.

Nos dois anos seguintes, publica poesias,artigos e críticas, e começa a ganhar dinheiro com literatura, por insistência de Mário de Andrade.Em 1931 escreve crônicas semanais para o Diário Nacional e críticas de cinema para o Diário da Noite, do Rio.

Em 1935 é nomeado pelo Ministro Capanema inspetor de ensino secundário e no ano seguinte é homenageado pelos seus 50 anos através da publicação de exemplares um pormas, estudos críticos, comentários e impressões sobre o poeta.

Nos anos seguintes receberia outras nomeações e prêmios literários, reconhecendo seu  trabalho como escritor e crítico literário. Viria também a estrear como crítico de artes plásticas no ano de 1941. A obra escrita do autor foi muito vasta e rica, e até hoje é de grande importância para os estudos de literatura brasileira.
Em 1968 Manuel Bandeira falece no Hospital Samaritano, em Botafogo, às 12 horas e 50 minutos, do dia 13 de outubro, sendo sepultado no mausoléu da Academia Brasileira de Letras, no Cemitério São João Batista.